Hello I´m ROLA
Alexandre Rola, nasceu no Porto em 1978, Vive e trabalha no Porto. Mestrado em Intervenções Urbanas pela ESAD. È Licenciado em Economia e Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Tendo iniciado a sua actividade expositiva no inicio do século XXI .
“Os artistas que promovemos serão nomes grandes a arte Portuguesa e até mundial, diz Fernando Mendonça.Alexandre Rola é apenas um da lista de 16 ...”
Fernando Mendonça
A ideia e o seu suporte Se o meio é a mensagem, Alexandre Rola é a cor das noites sem abrigo. Ao pintar cartões de papelão onde dormem pessoas que não tem casa, Alexandre Rola usou os suportes que se escondem na selva urbana e expô-los nas parede mais nobre da cidade que é a galeria de arte. Pintou os excluídos e exibiu os seus rostos. Mostrou os seus olhares. Precisamente aqueles olhares dos quais muitas vezes procuramos desviar pudicamente o nosso próprio olhar, Mostrou-nos a noite e a miséria do vão de escada com a dignidade de um artista plástico que não se cala, não se conforma, não desiste. O seu trabalho é fazer flagrantes gritos de alma com cartões que já embrulharam carne-viva, depois de terem embalado produtos de marca que a sociedade consome e deita ao lixo. A obra de Alexandre Rola começa, por isso, na ideia genial do suporte de cartão. Prolonga-se depois nos traços grossos da sua fina sensibilidade e desagua na explosão de retratos que desafiam consciências. Vi pela primeira vez os quadros de Alexandre Rola na Galeria do Clube Literário do Porto. Foi a minha filha Minês que me levou pela mão, surpreendendo-me com esta frase: Ò pai, tens mesmo que ver a força daquela ideia! A ideia era a reciclagem de materiais deitados ao lixo em arte. Não apenas pela pintura mas também pelo gesto. Adivinha-se na obra de Alexandre Rola o movimento dos pincéis. Percebe-se a dinâmica das cores. Entende-se a raiva, a fúria e a ternura, Por isso gostaria de ver este artista num espaço de maior impacto cénico. Acho que a sua exposição deveria estar permanentemente no Banco de Portugal, no Ministério das Finanças ou em qualquer sítio onde se fale muito de dinheiro. Porque o papel de cartão dos sem abrigo é muitas vezes feito do mesmo material com que se produz o luxo e o lixo. São duas faces da mesma moeda. Duas realidades: A Fortuna e a exclusão. Que só a arte consegue sublimar sem demagogia.
Carlos Magno
" O olhar de Alexandre Rola não é, nem podia ser conhecendo-se a sua sensibilidade, o seu interesse pela fotografia e por olhar a realidade a partir da lente, desligado deste seu (nosso) contexto. O ponto de partida é a cidade, o ponto de chegadaé a construção plástica e imagética com recurso ao talento e à imaginação.O aproveitamento de materiais provenientes do desperdício quotidiano e a apropriação de imagens provenientes da cultura de massas é uma tendência crescente dos nossos dias, que tem o seu histórico numa reinterpretação de conceitos da pop art, da art povera e dos movimentos de pendor conceptual. Discutir autoria, originalidade e ideia é, por isso inevitável, na medida em que, não raras vezes, nas criações desta geração de artistas, nos confrontamos com uma espécie de deja vu. A mensagem que Alexandre Rola transmite nos seus trabalhos começa, assim, antes da ação da pintura.Os suportes feitos em cartão e a partir de cartazes revelam-nos uma temporalidade, causada pelos fatores da acumulação e do desgaste. O artista permite e faz uso do tempo na preparaçãodos seus suportes, cuja recolha aponta um interesse pela humanidade e, por sua vez, pela buscado novo por via da experimentação. A fotografia, outra das dimensões da produção artística de Alexandre Rola, é o processo através do qual ativa o revivalismo de um momento vivido unilateralmente e que se torna global pela sua incorporação num cartaz ou noutro suporte gráfico, atingindo uma intensidade, ritmo e momento que se demarcam do evidenciado na fotografia. Talvez a fotografia possa ser um alimento para o futuro e a pintura um digestivo do passado. Entre cartazes e pessoas nasce a pintura e, algures entre a pintura e o artista, estará a busca do homem.
(...) Há, no exposto, a capacidade inata para a intemporalidade e reside na esfera do observador um caráter de estagnação e continuidade em simultâneo, podendo cada um de nós ver algo de si neste outro algo que lhe é externo. O que Alexandre Rola nos propõe não é fábula nem historieta, é um confronto com o real cru de todos os dias. Disse Pablo Picasso que “No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones. Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo.” Alexandre Rola combate, está na frente de batalha e cabe ao observador juntar-se, ou não, às suas causas." "
Helena Mendes Pereira e Alberto Rodrigues Marques (Curadores)
“A ideia era a reciclagem de materiais deitados ao lixo em arte. Não apenas pela pintura mas também pelo gesto. Adivinha-se na obra de Alexandre Rola o movimento dos pincéis. Percebe-se a dinâmica das cores. Entende-se a raiva, a fúria e a ternura,Por isso gostaria de ver este artista num espaço de maior impacto cénico. Acho que a sua exposição deveria estar permanentemente no Banco de Portugal, no Ministério das Finanças ou em qualquer sítio onde se fale muito de dinheiro. “ Carlos Magno “Numa rebelia quase epistemológica, Rola preconiza aquilo que Braudillard (1991) caracterizava como a híper-realidade. Braudillard afirmava que a imagem na contemporaneidade substitui a própria realidade, conduzindo-nos a uma progressiva alienação de sentido. Por isso, quando julgamos reconhecer o caráter híbrido daqueles cartazes - rasgados, inusitados, inesperados - percebemos que para lá do tema ou do pretexto que os une há uma atitude altamente contemporânea. Reivindicativo, mas simultaneamente irónico, o seu trabalho coloca-nos a nós espectadores vítimas de uma sociedade de consumo. Automaticamente somos convidados a atravessar uma viagem - ou uma experiência fracturada e envolvente - deste mundo alucinado que é o plano do real. “ Joana Silva