Exposição Coletiva
Centro Comercial Avenida -
Avenida Sá da Bandeira nº33, 3000-351 Coimbra
17 Dez 2018 - 17 Jan 2019
Esta é a ocasião para o Centro Comercial Avenida transformar os espaços vazios em âmontraâ da arte. Assim, dá-se uma exposição colectiva que dispersa pintura, escultura, fotografia, instalação e desenho, essencialmente, com um enfoque temático igualmente aspergido e que convoca artistas de vários locais, sem júris. Pretende-se fincar um primeiro passo em direcção ao futuro: tornar o Avenida num local onde é absolutamente natural passar, e parar, pela arte.
Houve um tempo em que a arte fazia parte da vida das pessoas: na verdade, nem sequer seria propriamente arte, como hoje lhe chamamos. Por exemplo, na Antiguidade Clássica, as esculturas e as pinturas habitavam a cidade e as casas particulares. Na Idade Média, por outro lado, eram veÃculos para ascender a outros lugares, do invisÃvel. Apenas a partir do Renascimento, pese embora estofarem densamente as igrejas e os palácios, se começou a conceber uma autonomia artÃstica que veria no artista um criador órfão.
A arte moderna aguçou a herança renascentista. Claro que os Salões oitocentistas eram extensos hangares onde conviviam obras, mas essencialmente desgarradas; a crÃtica de arte, aà nascida, tentou afirmar os gritos criativos. Já o modernismo, muito embora tenha operado por estilos e tenha tentado aproximar vida e arte, fê-lo tão radicalmente do ponto de vista perceptivo que, aflitivamente, público e arte têm desde então prolongado uma história plena de desencontros. Mas um denominador comum impera: a orfandade das obras, envelopadas e sós. Aqui radica a vontade de enxertar novamente a arte na vida diária das pessoas, fazendo que com que seja sopro alimentÃcio dos gestos do quotidiano, apesar de se relacionar com a excepcionalidade. Sim, uma obra de arte não tem o carácter instrumental de outros objectos e solicita, sempre, uma detenção.
Este projecto inscreve-se nessa necessidade de detenção que a arte solicita, mesmo que exposta em âmontrasâ. Ou seja, num espaço de natureza comercial, gula aquisitiva que é nervo da sociedade contemporânea, também existe lugar para o abrandamento: a excepção imiscui-se nos interstÃcio dos dias. Apenas a distracção impede de assumir a vertigem contida nas horas destes dias, esses lapsos ou bolsas de tempo que são o tal sopro alimentÃcio. Nutramo-nos.
Cláudia Ferreira
Novembro de 2018
Centro Comercial Avenida -
Avenida Sá da Bandeira nº33, 3000-351 Coimbra
17 Dez 2018 - 17 Jan 2019
Esta é a ocasião para o Centro Comercial Avenida transformar os espaços vazios em âmontraâ da arte. Assim, dá-se uma exposição colectiva que dispersa pintura, escultura, fotografia, instalação e desenho, essencialmente, com um enfoque temático igualmente aspergido e que convoca artistas de vários locais, sem júris. Pretende-se fincar um primeiro passo em direcção ao futuro: tornar o Avenida num local onde é absolutamente natural passar, e parar, pela arte.
Houve um tempo em que a arte fazia parte da vida das pessoas: na verdade, nem sequer seria propriamente arte, como hoje lhe chamamos. Por exemplo, na Antiguidade Clássica, as esculturas e as pinturas habitavam a cidade e as casas particulares. Na Idade Média, por outro lado, eram veÃculos para ascender a outros lugares, do invisÃvel. Apenas a partir do Renascimento, pese embora estofarem densamente as igrejas e os palácios, se começou a conceber uma autonomia artÃstica que veria no artista um criador órfão.
A arte moderna aguçou a herança renascentista. Claro que os Salões oitocentistas eram extensos hangares onde conviviam obras, mas essencialmente desgarradas; a crÃtica de arte, aà nascida, tentou afirmar os gritos criativos. Já o modernismo, muito embora tenha operado por estilos e tenha tentado aproximar vida e arte, fê-lo tão radicalmente do ponto de vista perceptivo que, aflitivamente, público e arte têm desde então prolongado uma história plena de desencontros. Mas um denominador comum impera: a orfandade das obras, envelopadas e sós. Aqui radica a vontade de enxertar novamente a arte na vida diária das pessoas, fazendo que com que seja sopro alimentÃcio dos gestos do quotidiano, apesar de se relacionar com a excepcionalidade. Sim, uma obra de arte não tem o carácter instrumental de outros objectos e solicita, sempre, uma detenção.
Este projecto inscreve-se nessa necessidade de detenção que a arte solicita, mesmo que exposta em âmontrasâ. Ou seja, num espaço de natureza comercial, gula aquisitiva que é nervo da sociedade contemporânea, também existe lugar para o abrandamento: a excepção imiscui-se nos interstÃcio dos dias. Apenas a distracção impede de assumir a vertigem contida nas horas destes dias, esses lapsos ou bolsas de tempo que são o tal sopro alimentÃcio. Nutramo-nos.
Cláudia Ferreira
Novembro de 2018